quarta-feira, 15 de julho de 2009

o filme através do filme


A citação é um elemento importante da linguagem artística. Através dela, o gesto determina suas intenções criando referências, estabelecendo elos entre a memória coletiva e o presente, o instante. No cinema, a citação se manifesta de diversas formas, seja através da cor (Storaro via Jean-Jacques Beineix), da fotografia (Antonioni via Wenders), do enquadramento (Will Eisner via Sganzerla), do movimento de câmera (Jean Renoir via Reichenbach), da dramaturgia (Rosselini via Glauber), do roteiro (Buñuel via Buñuel via Buñuel) et cetera.

Dessa maneira, a citação pode ter múltiplas intenções, seja a do elogio aos mestres, seja a de buscar fazer parte de uma tradição, seja a anedótica ou mesmo a de procurar estabelecer comunicação com o universo afetivo do público através do que há de mais sutil e profundo numa sessão de cinema: o universo da memória afetiva, o subconsciente.

Para não deixar de lado a recente produção audiovisual brasileira, basta dizer de alguns realizadores como: Cláudio Assis (PE) que busca referências no manguebit, Beto Brant (SP) que se vale da literatura contemporânea e o novato Matheus Souza (RJ) que se afirma no longa-metragem dominando a linguagem à maneira de Domingos Oliveira.

Sendo assim, no caso da mais urgente criação artística, o nosso melhor princípio é a memória, nosso substrato, inteligência e norte para tantos outros mapas e histórias.

Fábio

"Toda grande ficção tende ao documentário. Todo grande documentário tende à ficção", Godard.